terça-feira, 7 de julho de 2009

Mal Necessario...

Sou a febre que lhe queima

mas voce nao aceita...


Sou o novo, sou o antigo
Sou o que nao tem tempo
O que sempre esteve vivo
Mas nem sempre atento
o que nunca lhe fez falta
o que lhe atormenta e mata...
sou o certo
sou o errado
sou o que divide
o que nao tem duas partes
na verdade existe
oferece a outra face
mas nao esquece o que lhe fazem...

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sábado, 20 de junho de 2009

Como uma Rainha!!!


"Toda vez que o amor vier me chamar, vou correndo como um cachorrinho, mas coroada como uma rainha!"

(Lisbela - em Lisbela e o Prisioneiro)


That's all!

See you...
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quinta-feira, 11 de junho de 2009

O Bicho Homem

Era pra estar fazendo calor por aqui, ou então, um clima bom, fresco, com sol... mas, Londres é assim, hoje ta frio de doer, amanhã um sol lindo de morrer e de tarde uma chuva, porque não!? É assim, não da pra esperar um ritmo, uma frequência climática... para completar, um belo de um strike, desde ontem os trems estão parados, greve! Ontem só duas linhas funcionaram... caos total!!! Poisé, país de primeiro mundo também tem dessas coisas...
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Anyway, um assunto que anda deixando algumas pessoas revoltadas por aqui, é o fato de o Partido Político BNP (Partido Nacional Britânico) ter entrado para o Parlamento Europeu, e pasmem, com grande quantidade de votos! Foi o quinto partido mais votado. Pra quem não sabe, este partido (dentre outras coisas), segundo folders entregues pela cidade, prega o facismo, o racismo - principalmente aos negros e asiáticos.
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Na terça, o líder do partido, Nick Griffin, foi atacado com ovos em frente ao Parlamento, enquanto dava uma coletiva para a imprensa e foi obrigado a sair com o rabo entre as pernas e bufando de raiva... os manifestantes estavam gritando frazes anti-nazistas além de jogar ovos é claro, "fora de nossas ruas, escória nazista".
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O BNP - que só aceita integrantes brancos, é contra a imigração e a favor da retirada da Grã-Bretanha da União Europeia - recebeu mais de 940 mil votos na eleição europeia, obtendo pela primeira vez na história da legenda duas cadeiras no Parlamento Europeu. Andrew Brons, o outro representante que o BNP (...) duurante sua juventude, foi membro do Movimento Socialista Nacional - grupo político fundado em homenagem a Adolf Hitler. Entre os integrantes do movimento estavam pessoas acusadas de incendiar propriedades de judeus e atacar sinagogas.
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"Eu digo a todas as pessoas que votaram neles: vocês votaram para a coisa errada. Votaram pela guerra civil, pela destruição e por conflitos em comunidades" - Weyman Bennett, secretário nacional da organização.
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Eu poderia dizer que fiquei pasma por terem eleito este homem para representar a Grã Bretânhia no Parlamento, mas o fato é que: não fiquei. Até comentei com minha irmã, dias antes das eleições, que as pessoas camuflam seus ódios, seus preconceitos, seu lado feio... falei que muitos ficam calados, não se manifestam mas que no dia das eleições eles iriam lá, dar o voto, expressar o que realmente sentem, e foi isto que aconteceu, infelizmente! Pessoas estão involuindo...
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EXTREMISTAS EUROPEUS
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Partido Nacional Britânico: Legenda que só aceita brancos como membros e é contra a imigração obteve duas cadeiras no Parlamento Europeu. O grupo também é a favor da saída da Grã-Bretanha da União Europeia.
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Partido Nacional Eslovaco: Legenda ganhou seu primeiro representante no Parlamento Europeu e quer conter a minoria húngara na Eslováquia.
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Grande Romênia: Extremistas do partido romeno também querem conter minoria húngara.
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Partido Jobbik: Grupo político da Hungria que é contra ciganos obteve 15% dos votos, conquistando três cadeiras no Parlamento.
See you...
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sexta-feira, 1 de maio de 2009

Sem Enfeite Nenhum

Meu primeiro post do ano e olha que já estamos perto do meio dele. "Sumi"! Faltou tempo, oportunidade, assunto, disposição, vontade... é mais ou menos por aí... mas às vezes eu dava uma olhadinha aqui, alí e acolá, só pra não ficar muito POR FORA, se é que isto é possível, afinal de contas, ha vários jeitos e motivos para se ficar por fora, né? E, pensando bem, acho que fiquei por fora, só esqueceram de me avisar onde e quando isto aconteceu... hahahaaa... desatualizadíssima de alguns assuntos e por dentro do que muito me interessa, of course!
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De novo mesmo, (pra mim) só o ano, meus projetos pessoais, as expectativas e planos que se renovaram... Coisas acontecendo pelo mundo e em minha volta, mas enfim, o que me motivou a postar, foi este texto que encontrei na net, da Adélia Prado. Gostei tanto que quis compartilhar a quem possa interessar... a propósito, adorei o título!
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Sem Enfeite Nenhum
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A mãe era desse jeito: só ia em missa das cinco, por causa de os gatos no escuro serem pardos. Cinema, só uma vez, quando passou os Milagres do padre Antônio em Urucânia. Desde aí, falava sempre, excitada nos olhos, apressada no cacoete dela de enrolar um cacho de cabelo: se eu fosse lá, quem sabe?
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Sofria palpitação e tonteira, lembro dela caindo na beira do tanque, o vulto dobrado em arco, gente afobada em volta, cheiro de alcanfor.
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Quando comecei a empinar as blusas com o estufadinho dos peitos, o pai chegou pra almoçar, estudando terreno, e anunciou com a voz que fazia nessas ocasiões, meio saliente: companheiro meu tá vendendo um relogim que é uma gracinha, pulseirinha de crom', danado de bom pra do Carmo. Ela foi logo emendando: tristeza, relógio de pulso e vestido de bolér. Nem bolero ela falou direito de tanta antipatia. Foi água na fervura minha e do pai.
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Vivia repetindo que era graça de Deus se a gente fosse tudo pra um convento e várias vezes por dia era isto: meu Jesus, misericórdia... A senhora tá triste, mãe? eu falava. Não, tou só pedindo a Deus pra ter dó de nós.Tinha muito medo da morte repentina e pra se livrar dela, fazia as nove primeiras sextas-feiras, emendadas. De defunto não tinha medo, só de gente viva, conforme dizia. Agora, da perdição eterna, tinha horror, pra ela e pros outros.
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Quando a Ricardina começou a morrer, no Beco atrás da nossa casa, ela me chamou com a voz alterada: vai lá, a Ricardina tá morrendo, coitada, que Deus perdoe ela, corre lá, quem sabe ainda dá tempo de chamar o padre, falava de arranco, querendo chorar, apavorada: que Deus perdoe ela, ficou falando sem coragem de aluir do lugar.
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Mas a Ricardina era de impressionar mesmo, imagina que falou pra mãe, uma vez, que não podia ver nem cueca de homem que ela ficava doida. Foi mais por isso que ela ficou daquele jeito, rezando pra salvação da alma da Ricardina.
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Era a mulher mais difícil a mãe. Difícil, assim, de ser agradada. Gostava que eu tirasse só dez e primeiro lugar. Pra essas coisas não poupava, era pasta de primeira, caixa com doze lápis e uniforme mandado plissar. Acho mesmo que meia razão ela teve no caso do relógio, luxo bobo, pra quem só tinha um vestido de sair.
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Rodeava a gente estudar e um dia falou abrupto, por causa do esforço de vencer a vergonha: me dá seus lápis de cor. Foi falando e colorindo laranjado, uma rosa geométrica: cê põe muita força no lápis, se eu tivesse seu tempo, ninguém na escola me passava, inteligência não é estudar, por exemplo falar você em vez de cê, é tão mais bonito, é só acostumar. Quando o coração da gente dispara e a gente fala cortado, era desse jeito que tava a voz da mãe.
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Achava estudo a coisa mais fina e inteligente era mesmo, demais até, pensava com a maior rapidez. Gostava de ler de noite, em voz alta, com tia Santa, os livros da Pia Biblioteca, e de um não esqueci, pois ela insistia com gosto no titulo dele, em latim: Máguina pecatrís. Falava era antusiasmo e nunca tive coragem de corrigir, porque toda vez que tava muito alegre, feito naquela hora, desenhando, feito no dia de noite, o pai fazendo serão, ela falou: coitado, até essa hora no serviço pesado.
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Não estava gostando nem um pouquinho do desenho, mas nem que eu falava. Com tanta satisfação ela passava o lápis, que eu fiquei foi aflita, como sempre que uma coisa boa acontecia.
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Bom também era ver ela passando creme Marsílea no rosto e Antissardina n° 3, se sacudindo de rir depois, com a cara toda empolada. Sua mãe é bonita, me falaram na escola. E era mesmo, o olho meio verde.Tinha um vestido de seda branco e preto e um mantô cinzentado que ela gostava demais.
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Dia ruim foi quando o pai entestou de dar um par de sapato pra ela. Foi três vezes na loja e ela botando defeito, achando o modelo jeca, a cor regalada, achando aquilo uma desgraça e que o pai tinha era umas bobagens. Foi até ele enfezar e arrebentar com o trem, de tanta raiva e mágoa.
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Mas sapato é sapato, pior foi com o crucifixo. O pai, voltando de cumprir promessa em Congonhas do Campo, trouxe de presente pra ela um crucifixo torneadinho, o cordão de pendurar, com bambolim nas pontas, a maior gracinha. Ela desembrulhou e falou assim: bonito, mas eu preferia mais se fosse uma cruz simples, sem enfeite nenhum.
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Morreu sem fazer trinta e cinco anos, da morte mais agoniada, encomendando com a maior coragem: a oração dos agonizantes, reza aí pra mim, gente.
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Fiquei hipnotizada, olhando a mãe. Já no caixão, tinha a cara severa de quem sente dor forte, igualzinho no dia que o João Antônio nasceu. Entrei no quarto querendo festejar e falei sem graça: a cara da senhora, parece que tá com raiva, mãe.
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O Senhor te abençoe e te guarde,
Volva a ti o Seu Rosto e se compadeça de ti,
O Senhor te dê a Paz.
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Esta é a bênção de São Francisco, que foi abrandando o rosto dela, descansando, descansando, até como ficou, quase entusiasmado.
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Era raiva não. Era marca de dor.
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Texto publicado em "Prosa Reunida", Editora Siciliano - São Paulo, 1999, foi incluído por Ítalo Moriconi no livro "Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século", Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2000, pág. 349.
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See you...
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