segunda-feira, 21 de maio de 2007

Quem tem Medo do Lobo Mal, Lobo Mal, Lobo Mal?

Sempre tive muito gosto pela leitura, ainda que atualmente eu não esteja lendo tanto quando deveria e gostaria... Quando criança, toda sexta-feira, na hora do recreio, lá estava eu na biblioteca da escola a procura de quais livros levar para ler no fim de semana. Podíamos pegar até três de uma só vez, desde que não estivéssemos devendo nenhum livro.

Dessa forma, o tempo do recreio era pouco pra mim, que ficava em dúvida na hora de escolher, e depois da aula, lá estava eu entre as prateleiras à procura de uma boa história para me entreter no final de semana.

Os livros que mais me marcaram foram: Memórias de um Cabo de Vassouras, A Ilha Perdida, O Escaravelho do Diabo, Poliana Menina ( e o seu “Jogo do Contente”), Poliana Moça, Heidi e Outra Vez Heidi e outros da Coleção Vagalume...

Eu adorava também as histórias em quadrinho da Turma da Mônica e do Chico Bento. Como não tinha dinheiro pra comprar, ia até uma banca de revistas de um senhor bem velhinho e ficava lá, folheando e lendo, despistadamente...he...he...Cada dia eu lia umas três historinhas mais ou menos, não podia dar muito na cara né!?...rs

Retrocedendo um pouco mais na infância, lembro-me do Patinho Feio (eu tinha uma dó dele!), Branca de Neve e os Sete Anões, Os Três Porquinhos, Cinderela, Cachinhos de Ouro, Lúcia Já-Vou-Indo, A Bela Adormecida, João e o Pé de Feijão - essa eu adorava e ficava imaginando se existiria mesmo feijões mágicos, gigantes e uma galinha que botasse ovos de ouro...Eram tantas histórias legais! Gostava muito também de “A Roupa Nova do Imperador”, achava o máximo o final, onde o rei é desmascarado por uma criança que não teme em dizer que ele está nu, tudo porque um jovem inventou que confeccionara uma roupa que só as pessoas inteligentíssimas conseguiam enxergar, e o rei, pra não ficar pra trás, fingia que enxergava a roupa e acabou desfilando nu pelas ruas pensando que estava usando a tal roupa, e os adultos também fingiam vê-lo vestido, para não parecerem bobos...rs

Mas, até hoje não me conformo como a literatura infantil podia ser tão cruel em algumas histórias...Vejam bem:

Joãozinho e Maria: Eu achava um absurdo os pais deles deixarem-nos na mata, sozinhos a mercê de todo o tipo de perigo, com a desculpa de que não tinham comida em casa e que não queriam vê-los morrer de fome...Depois, Joãozinho e Maria encontram uma casinha toda feita de guloseimas, telhado de chocolate, paredes de bolo, janelas de balas e pirulitos...Eita que eu ficava imaginando essa delícia...Mas, são capturados por uma bruxa má que os prende em uma gaiola com a finalidade de engordá-los para comê-los depois...(Pode isso!?)...No final, Joãozinho e Maria, dão o perdido na bruxa e, quando a bruxa, que é meio segueta, vai testar o forno pra ver se já está bem quente, ela põe o rosto bem próximo e a Maria empurra a bruxa pra dentro do forno, tranca e ela morre tostada! (Cruzes! Eu não gostava desses finais trágicos, nem para os vilões...)

Chapeuzinho Vermelho: Não bastasse o Lobo Mal comer a Vovó (o que me deixava muito triste), aparecia um caçador que abria a barriga do lobo (ainda vivo) enquanto ele dormia, tirava a vovó de dentro, e com a ajuda da chapéuzinho enchia a barriga dele de pedras, costurava e o jogava num rio...(Pois é, me lembro dos detalhes...eu sentia pena do lobo, não precisava tanto...Achei e ainda acho muita crueldade com o lobo...).

Soldadinho de Chumbo: Um garotinho ganhou uma caixa de presentes com vários soldadinhos de chumbo e um deles só tinha uma perna, isso porque na hora de fazê-lo, faltou material. O menino o colocou junto aos outros brinquedos, ao lado de uma bailarina por quem o soldadinho se apaixonou. Como a bailarina correspondeu à paixão do soldadinho, despertou os ciúmes de um boneco de molas, chamado “Diabo Negro” que advertiu o soldadinho para ficar longe da bailarina, mas o bonequinho não ligou. No dia seguinte, de manhã, as crianças colocaram o soldadinho no parapeito da janela, e, não se sabe se foi o vento, ou os poderes do “Diabo Negro” que fizeram a janela se abrir e o soldadinho caiu na rua...Depois de viver muitas aventuras e enfrentar perigos, o soldadinho, é engolido por um peixe, que é pescado e vai parar na mesa do seu dono. Aí o soldadinho reencontra a bailarina, eles se olham saudosos e emocionados, e de repente, o menino, por puro capricho joga o soldadinho no fogo e esse vai derretendo aos poucos...Em seguida, entra um vento pela casa e derruba a bailarina no fogo também e ela morre junto com o seu amor..."O soldado foi reduzido a uma mera bola. Quando a empregada retirou as cinzas na manhã seguinte, encontrou um diminuto coração. Tudo que sobrou da bailarina foi sua lantejoula, e esta estava tão queimada e negra como os tições de carvão"... (Gente, como assim!?...Que diabos deu nesse menino pra fazer isso? Eu chorei no final da história!)

Dona Baratinha:Quem quer casar, com Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha”...De cara eu já achava a Dona Baratinha uma chatonilda por ficar escolhendo e desfazendo dos seus pretendentes, só porque tinha encontrado uma moeda, se achava a “própria bala que matou Kenedy”...Depois dela esnobar muitos pretendentes, aparece o Dom Ratão, boa pinta, engraçado, gente boa pra caramba, e no dia do seu casamento, ele, guiado pelo cheiro maravilhoso da feijoada que seria servida na festa, sobe na borda do caldeirão para experimentar e cai dentro da panela de feijoada pelando de quente! E morre, óbvio...E dona baratinha fica muito triste e volta pra sua vidinha...(Outra história que me fez chorar...Mas porque todos tinham que morrer queimados???).
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O Bonequinho Doce: Lucinha e Lalá queriam um irmãozinho para brincar então tiveram a idéia de fazer um bonequinho com um pouco de água, farinha e açúcar. Depois de pronto o bonequinho Doce danou a correr e as meninas correram atrás mas ele era muito rápido...Só sei que nessa correria ele encontra uma velhinha, um velhinho, uns meninos e todos pedem que ele pare de correr, mas o bonequinho Doce era muito teimoso! Aí ele vê um lago, com um pato e pula na água para brincar e vai desmanchando na frente de todos que correram atrás dele...(muito deprimente gente! E o bonequinho era um fofo!).

A Festa no Céu: Eu não conseguia entender porque havendo uma festa, justo no céu, (onde tudo deveria ser perfeito e ninguém poderia ser excluído, rejeitado ou humilhado) o sapo não foi convidado e não era bem-vindo! Então o sapo, que queria a todo custo ir em tal festa, (falta de vergonha na cara) se esconde dentro da viola do urubu e consegue entrar de penetra na Festa do Céu...Mas, uma hora ele é descoberto e expulso da festa...Sem dó nem piedade, jogam o coitado do sapo lá de cima e ele se esborracha sobre uma pedra...(Sem comentários...).

Bom, continuando no clima melancólico triste, e saindo um pouco dos livros, indo para os filmes, minha irmã sempre me levava ao cinema pra assistir aos filmes dos Trapalhões e eu sempre saía de lá um pouco triste porque Didi nunca conseguia ficar com a mocinha no final! Ele sempre se apaixonava, mas quem pegava era o galã, isso me magoava profundamente!...hahahahaha...
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Ah, não posso deixar de mencionar também algumas canções de ninar que são simplesmente um aviso: Ou Você dorme ou sofrerá trágicas consequências...rs
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"Boi, boi, boi...Boi da cara preta, pega essa menina que tem medo de careta..."
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"Dorme nenê, que a cuca vem pegar...Papai tá na roça e mamãe foi passear..."
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Papai não vai poder salvar o nenê e mamãe tá curtindo a "naiti", então é melhor você dormir logo seu chato!...hahahaha...

Enfim, eu me lembro de muitas historinhas que conhecí na minha infância, mas as mais marcantes foram as de finais trágicos...Essa era a forma que os escritores direcionados ao público infantil encontraram de passar lições do tipo: Não minta, pois o nariz cresce...Não desobedeça, senão você vai derreter igual ao bonequinho doce...Não seja má, senão vão queimar você sem dó nem piedade...Não tente viver uma linda história de amor porque vão queimar você tambémrs...é mais ou menos por aí...
Mineira