sexta-feira, 8 de junho de 2007

"Causos" do Interior...

Uma vez, quando trabalhei na coordenação de uma creche, presenciei um diálogo entre mãe (funcionária da creche - babar) e filho (matriculado na escolinha da creche) do qual nunca vou me esquecer:

Filho: Ai mãe! Sopra aqui, que tá ardenuuuuu!
Mãe: Aonde mininu?
Filho: Aqui mãe, ó!
Mãe: Fica quéto, cê tem que abri os zói pra eu poder soprar...
Filho: Né assim que fala não mãe! A tia ensinou...
Mãe: Comé que fala então mininu!?
Filho: Não é zói não mãe...É, zóiossss!!!

Ele se chamava Breno (deve se chamar ainda, espero), era loirinho de olhos verdes e estava banguelo, mudando a dentição, uma graça! Teimoso que só vendo...Aproveitava-se do fato de sua mãe trabalhar na creche e queria dominar tudo...rs...

Eita, época boa, mas fiquei por lá pouco tempo, dois anos apenas...Por conta de passar no vestibular (em outra cidade), tinha que viajar todos os dias de uma cidade a outra, saindo de casa cedo, pro trabalho (nessa cidadezinha, que não era a mesma em que eu morava), depois viajando pra faculdade (também em outra cidade, a que moro hoje) e chegando ás 1:15 da madrugada, todos os dias...Não aguentei o tranco e optei por largar esse emprego.

A creche era em um município muito pequeno (tipo: interior, do interior, do interior) recém emancipado e, por isso, carente de muitas coisas. As crianças eram simples e simplórias, aliás, 80% da população era assim. Às vezes sinto que poderia ter aproveitado melhor o tempo em que estive por lá, sei lá, ter feito mais pelo ambiente de trabalho, pelas crianças...Acho que ficou algo por fazer...
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Mas é meio complicado trabalhar da forma que a gente acha correta e tentar mudar algumas coisas, aperfeiçoar outras, quando isso envolve política. Não consegui esse emprego através de favores, passei no concurso, cheguei para trabalhar cheia de idealismo e vontades...Mas, embora o meu cargo fosse de coordenadora da creche, quem apitava tudo no final das contas era a "digníssima Primeira Dama"...Coisas da política e de cidades pequenas...

Deixando de lado esses percalços, foi uma ótima experiência, onde houve uma troca de conhecimentos e informações, eu ensinei e também aprendi muito com as meninas que trabalharam comigo e com as crianças. Valeu a pena.
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"Tudo vale a pena quando a alma não é pequena" (Fernando Pessoa)
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Mineira
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