quarta-feira, 12 de setembro de 2007

A Recaída...

Hoje dei um giro por aí e não encontrei nenhuma notícia interessante ou relevante pra postar aqui...

Bom, meu giro não foi assim tãooo grande, né, pois a internet é um campo vasto de assuntos dos mais variados, pra todos os gostos... mas estou sem tempo e sem inspiração... muitas coisas a fazer, muitas decisões cruciais a tomar e pendengas pra resolver definitivamente...

Deixo aqui, esta crônica, do Luiz Fernando Veríssimo... espero que apreciem...

Ah, e a crônica não é pra "tapar buraco" não, eu sou fã do Veríssimo e gosto desse texto...

A Recaída

A proposta era simples. Cláudia acompanharia João Carlos numa visita à casa dos seus pais, na cidadezinha onde nascera, e seria apresentada como sua namorada. Alguém o tinha visto no Rio e chegara à cidadezinha com a notícia de que ele era gay. Ele precisava provar que não era gay.

- Mas você não tem uma namorada de verdade? - perguntara Cláudia - Por que eu?

- Porque eu sou gay. Não tenho namorada. Tenho namorado. O nome dele é Roni. Não posso aparecer lá com o Roni.

- Mas ninguém liga pra isso, hoje em dia. Liga?

- Na minha cidade, na minha casa, ligam.

Cláudia hesitara. Quase não conhecia João Carlos. A idéia de passar o Natal e o ano-novo com um quase desconhecido, na casa de uma família totalmente desconhecida, numa cidadezinha inimaginável, não a atraía. Se bem que...

Poderia ser divertido. O João Carlos não era antipático. E os dois se fingindo de namorados, enganando todo o mundo... Ela não tinha outros planos para o fim do ano. Nenhum desfile agendado. Seria divertido. Topou.

No aeroporto, antes de embarcarem, João Carlos se despediu de Roni com um beijo prolongado e disse para ele não se preocupar.

- Não vá me ter uma recaída... - disse Roni, indicando Cláudia.

- Pode deixar - disse João Carlos. - Não há perigo.

Os três riram muito.

Ao churrasco na casa dos pais de João Carlos, na primeira noite, veio gente de toda a região, parentes e amigos e até alguns que ninguém conhecia, para ver a namorada carioca. A notícia de que Cláudia era, além de carioca, uma bela mulher, uma modelo, se espalhara rapidamente e todos queriam vê-la, e ouvi-la, e dizer "O Joãozinho, hein? Quem diria". Os dois tinham dormido em quartos separado, João Carlos no seu quarto antigo, Cláudia com a irmã dele.

A mãe do João Carlos, que via novela e sabia que aquilo era comum, não se importaria se os dois dormissem juntos, mas "O seu pai, sabe como é..." Eles sabiam como era. Não dormiam juntos, mas passavam o tempo todo se acariciando e se beijando, em casa e na rua. Provando para a cidade inteira que aquele boato de que o João Carlos tinha desandado no Rio era invenção, pura invenção. Gostava de mulher. E, a julgar pela Cláudia, de grandes mulheres!

Cláudia e, em segundo plano, João Carlos foram as maiores atrações das festas de fim de ano na cidadezinha. Do concorrido Natal na casa dele e do réveillon no clube. E foi na noite de Ano Bom, depois de muito frisante no clube, depois de se abraçarem e se beijarem apaixonadamente à meia-noite para todos verem, que os dois chegaram em casa e não foram cada um para o um quarto, foram para o quarto do João Carlos, quem diria, onde se amaram durante toda a madrugada, tentando não fazer muito barulho. E de manhã, suas pernas ainda entrelaçadas com as de Cláudia, João Carlos lamentou o acontecido, e disse "Bem que o Roni me avisou...", e a Cláudia beijou a ponta do seu nariz e disse:

- Pronto, pronto.

Voltaram para o Rio no dia 2, o João Carlos silencioso no ônibus e no avião, com cara de culpa, depois de pedir a Cláudia que em hipótese alguma comentasse a sua recaída para quem quer que fosse senão o Roni ia acabar sabendo, e a Cláudia silenciosa, com o secreto orgulho de ser tão desejável, tão mulher, que provocara a recaída fatal do João Carlos, depois de prometer que não contaria nada a ninguém, que aquilo ficaria entre os dois, só entre os dois, para sempre.

Ainda ontem a Cláudia encontrou o Roni e perguntou pelo João Carlos e o Roni disse:

- Quem?!

- O João Carlos. Seu namorado.

- Ah, é. Está bem. Muito bem. Quer dizer. Olha aqui... Esse negócio de namorado...

- Você também mal conhecia o João Carlos. Não é?

- É. Eu...

- Ele pediu para você fingir que era o namorado dele.

- É - O seu nome nem é Roni.

- Não.

Cláudia sorriu. Pensando: se o João Carlos tivesse me pedido, honestamente, sem mentir, sem encenação, topa ou não topa, eu teria topado? Provavelmente não. Uma mulher como eu? Provavelmente não. O falso Roni tinha chegado mais perto e estava dizendo:

- Olha, eu também não sou gay. E se quiser, posso provar.

Cláudia se afastou, ligeiro. Pensando: ó raça!

Por exemplo, (Da série Poesia numa Hora Dessas?!) Testemunhos suspeitos na origem não são uma coisa incomum.

Masoquistas (por exemplo) põem a mão no fogo por qualquer um.

*********************************

Eita que isso só poderia sair mesmo da cabeça de um homem... essas estratégias, estes planos "mirabolantes"... hahaha... Ô Raça einh!?...hahahaha...

Agora, este golpe pode dar certo pra cima de algumas meninas sim... já ví muitas moçoilas fissuradas em amigos gays, e com o desejo ou obsessão mesmo de fazer com que o fulano "vire homi"... daí, se fingir de gay, pode ser uma boa pra "pegar mulher"...

Outro dia, assistindo ao programa "Barracos de Família" (é paia, mas é muito hilário), um rapaz, gay, não se conformava com a perseguição que ele sofre da própria cunhada.

A bendita, ou maldita, da mulher, estraga todos os relacionamentos que ele tenta levar adiante. Ela é declaradamente e descaradamente apaixonada pelo gay.

Digo descaradamente, porque, segundo a própria, ela não conseguindo o amor dele, casou-se com o seu irmão (do gay)... e o manezão, sabe que tá servindo de step, mas não liga...

Enfim, ela é fissurada no carinha e vive em função de melar os seus relacionamentos, de mudar a sua condição sexual e torná-lo seu amante... é isso...

Inté...
.