Se conheceram por acaso e por ironia se beijaram. Do sentido percebido se curtiram abrindo seus mundos solitários de adultos com dores emocionais. Ela mulher mais velha e frágil tão diferente aos olhos dele: homem sensível que ainda recuperava-se do término do seu casamento. Morando em cidades diferentes eram movidos pela alegria dos encontros que tornavam a distância entre eles lares quase imperceptível. Ela o necessitava, ele se sentia bem ao seu lado.
Divertiram-se ao calor do verão e inevitavelmente projetaram seus desejos um no outro. Buscaram plenitude e encontros perfeitos. Com o outono as temperaturas se tornaram mais amenas transformando a alegria em desconfiança e do afeto emergiu a prisão. Ele permitiu-se ficar por alguns momentos ali por achar-se amado, mas o peso do claustro amoroso o impelia a sair. Nunca sentira-se assim e percebeu que não havia como abandonar aquela posição sem matar alguns fantasmas.
A namorada o vigiava, questionava suas intenções, horários e posições. Qualquer pessoa que se aproximasse precisava inevitavelmente passar pelo julgamento dela – e como era crítica aquela mulher. O abafava e as desconfianças se acumulavam de tal forma que a cada viagem a estrada se tornava mais longa e a paisagem mais árida. Numa dessas jornadas, exausto, outra mulher lhe chamou a atenção – antiga conhecida de seu coração – e desejou lançar-se a experiência não mais em busca de perfeição, mas agora de paz.
Ao fazê-lo percebeu que nada seria suficiente para aquela cujo vazio existencial se apossava da alma. Temeroso olhou para a companheira que cada vez mais insegura cheirava suas camisas, vasculhava seu telefone, tentava ler seus pensamentos. A percebeu algoz e afastou-se em silêncio. Ela fez-se em desequilíbrio e sofreu o rechaço – mais um – sem compreender porque sua vida afetiva era tão atribulada! Histórias de quem não busca se conhecer.
(Caila)
Esse texto me fisgou desde a primeira vez que o lí lá no blog "Reflexões Depois dos Trinta"... foi amor de primeira, ou algo parecido. Não sou boa em expressar minha interpretação em se tratanto de textos assim, é como acontece frequentemente, quando leio os belos textos da Mariza Lourenço. Leio, entendo, gosto e guardo pra mim, mas não sei muito bem como comentá-lo, só sentí-lo...
Lembrei-me do filme "Lisbela e o Prisioneiro", em especial, de uma cena entre Inaura e Leléu, onde ele termina com ela, para se entregar ao seu amor por Lisbela. E, Inaura inconformada, planeja vingar-se... com a música "Espumas ao Vento" como pano de fundo. Ficou perfeito! A meu ver, é uma das melhores cenas do filme. A interpretação da música, fica por conta de Elsa Soares, que dramatiza também, deixando o clima muito mais emocionate! Confiram...
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Sei que aí dentro ainda mora
Um pedacinho de mim
Um grande amor não se acaba assim
Feito espumas ao vento
Não é coisa de momento
Raiva passageira
Mania que dá e passa
Feito brincadeira
O amor deixa marcas que não dá pra apagar
Sei que errei e estou aqui
Pra te pedir perdão
Cabeça doida, coração na mão
Desejo pegando fogo
Sem saber direito aonde nem o que fazer
Eu não encontro uma palavra só
Pra te dizer
Mas se eu fosse você, amor
Eu voltava pra mim denovo...
(Espumas ao Vento – Flávio José)
Inté...
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