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A mais completa biografia de Eva Braun, amante de Hitler durante 14 anos, revela segredos do homem que havia por trás do Führer alemão.
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"A História Perdida de Eva Braun", livro recém-lançado pela Editora Globo, resgata como nenhum outro a trajetória da amante quase secreta de Hitler. Escrito pela britânica Angela Lambert, autora de cinco romances e outras duas obras de não-ficção, ele reconstrói a história de Eva Anna Paula Braun a partir da vida de seus avós, descrevendo a sociedade alemã desde o fim do século 19. Assim como em "A Queda!", filme de 2004 acusado por alguns de "humanizar" a figura de Hitler, o livro revela detalhes surpreendentes da vida íntima do Führer. Em ambos, o maior assassino do século 20 quase pode ser visto como um homem comum.
Desde pequena, Eva era teatral, engraçada e popular. "Já vivia mais em função das sensações e emoções do que do mundo racional de conhecimento e lógica", escreve Lambert. Em meados da década de 1920, Fritz Braun já se preocupava com o futuro de suas filhas. Preparar as garotas para um bom marido era de suma importância. Mas a desobediência de Eva virou um desafio. Em 1929, a adolescente de 17 anos voltou para casa depois de uma temporada em um colégio de freiras. Contra a vontade dos pais, largou os estudos, trocando-os pelos cafés, cinemas, clubes e biergartens de Munique. Seu sonho era ser atriz ou atleta profissional, qualquer coisa que lhe trouxesse fama. Mas um emprego como assistente na loja e estúdio fotográfico de Heinrich Hoffmann foi o que conseguiu. A garota passou a trabalhar para um amigo pessoal de Hitler, o fotógrafo oficial do Partido Nazista - decisão que selaria seu destino definitivamente.
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Foi ali que Eva e Adolf se conheceram. Mas o líder nazista estava às voltas com a sobrinha Geli, relação que o marcou profundamente. Para entender esse caso complicado, é preciso retroceder alguns anos. Em 1927, Hitler já era um dos líderes do Partido Nazista e as vendas de seu livro "Mein Kampf" ("Minha Luta") alcançavam os milhões. Graças a seu crescente status político e financeiro, trocou um pequeno chalé nos Alpes bávaros por uma casa de campo maior na cidade de Obersalzberg. (...) Hitler convidou sua meia-irmã Angela Raubal, que não via havia 15 anos, para ser a cozinheira e governanta da nova casa. Em julho de 1927, a filha mais velha da irmã de Hitler, Angela Maria, conhecida como Geli, se juntou à mãe.
Hitler e Geli desenvolveram uma atração mútua rapidamente, e o interesse pela jovem determinada transformou-se em paixão. Dois anos depois, Geli mudou-se para o luxuoso apartamento de Hitler em Munique, onde estudava teatro e canto. Aos amigos, Hitler não escondia seu amor, mas dizia estar apenas protegendo a sobrinha até que achasse um marido adequado para ela. Especula-se que o casal mantinha relações sexuais não convencionais - incluindo sadomasoquismo -, o que enchia Geli de vergonha. Além disso, a garota detestava o controle e o ciúme do tio. Na manhã do dia 19 de setembro de 1931, a jovem de 23 anos foi encontrada morta no chão de seu quarto. Em cima do divã, a pistola do tio. Nunca se soube exatamente o que aconteceu. Rumores davam conta de que a jovem havia sido assassinada por um namorado ciumento, pela SS (a organização paramilitar do Partido Nazista) ou por Hitler em pessoa, enraivecido por uma possível gravidez ou relacionamentos com outros homens, incluindo seu motorista Emil Maurice, com quem Geli almejava se casar. A polícia, sob pressão do Partido Nazista, encerrou o caso com uma declaração de suicídio feita por um legista.
Culpado ou não, Hitler ficou perturbado com a perda da sobrinha. Mas o fato fez com que ele passasse a olhar mais para a jovem assistente de Hoffmann, sempre em busca de sua atenção. "Hoje vemos Hitler como um monstro, mas para a maioria dos alemães da época ele era um salvador que levantaria o país após décadas de humilhação", diz Udi Greenberg, pesquisador do Centro de História Alemã da Universidade Hebraica, em Israel. Hitler também se interessou por Eva: sua devoção submissa era um alívio para as brigas que costumava enfrentar com Geli. Em dezembro de 1931, Eva visitou a casa de Hitler nos Alpes pela primeira vez. Segundo Angela Lambert, Eva provavelmente perdeu sua virgindade nessa época, embora não haja nenhuma prova de que os dois tenham mantido relações sexuais em qualquer ocasião. Há historiadores que acreditam que a relação entre os dois nunca foi carnal, mas essa crença é pura especulação.
(...) "Hitler, assim como seu séquito -Heinrich Himmler, Hermann Göring, entre outros -, suscitava paixões de mulheres que viam algo erótico e viril no poder", diz Marcelo Caixeta, psiquiatra da Universidade de Goiás. "E, além da admiração pelo 'herói', há um componente ariano de servir ao Estado nesse comportamento feminino", afirma.
Pressionada pela recriminação dos pais e pela recusa do amante em oficializar a relação, Eva passou a ver o suicídio como uma forma de ser levada a sério. Em 31 de outubro de 1932, apanhou a pistola de seu pai e atirou no próprio pescoço. Encontrada pela irmã, foi socorrida a tempo. O susto fez com que o amante passasse a lhe dar mais atenção. Mesmo depois de eleito chanceler alemão, em 1933, o Führer continuava a esconder a existência de Eva. Nesse ano, ela passou a ir com freqüência à casa de Obersalzberg, nos Alpes. Eva logo se tornaria indispensável para Hitler. Mas o amante já estava comprometido. "Hitler não se casou com Eva por razões políticas", afirma Overy.
Porém, por trás da resposta de Hitler sobre a paternidade se escondia um grande trauma. O ditador era fruto de uma relação entre dois primos de segundo grau. A ocorrência de cruzamentos entre parentes próximos era comum em sua cidade de origem, e a incidência de deficiência física e mental era alta na população, tendo como uma das vítimas sua irmã Paula. Hitler temia carregar "genes ruins". Se tivesse filhos que apresentassem qualquer problema genético, cairiam por terra suas idéias sobre pureza racial.
Em julho de 1934, uma manobra legislativa entregou poder total a Hitler, transformando-o em chefe de estado e comandante supremo das forças armadas. O nazismo vivia momentos de glória. Enquanto o humor de Hitler oscilava brutalmente, Eva mostrava-se sempre alegre, escondendo seu estado de ânimo verdadeiro, que por vezes chegava à depressão severa. Mas era sua obrigação manter o ambiente leve para o amante. Em maio de 1935, porém, Eva cometeu a segunda tentativa de suicídio, ingerindo 35 pílulas de um sedativo. "Decida-se: me ame ou me deixe em paz", escreveu em seu diário naquele dia - um dos poucos trechos originais que sobreviveram à sua morte. Mais uma vez, sua irmã a encontrou a tempo. Mais uma vez, vieram à tona lembranças de Geli e o medo do escândalo. Hitler voltou a se aproximar da amante.
Eva era proibida de participar das atividades oficiais, e recolhia-se quando Hitler recebia visitas importantes. Magda Goebbels desempenhava o papel de anfitriã oficial. Apenas entre os mais próximos Eva podia exercer sua posição de dona da casa. Nessas ocasiões, Hitler costumava fazer observações depreciativas sobre o tipo de mulher ideal para estar ao lado de um homem como ele. Talvez como compensação, Hitler incentivava a amante a levar amigos e parentes para passarem temporadas no local. A prima Gertraud Weisker, entrevistada por Angela Lambert para o livro, foi uma dessas hóspedes. Entre as esposas nazistas, Eva era chamada de "die blöde Kuh", ou vaca estúpida.
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Com os anos, a relação de Eva e Hitler foi amadurecendo. (...) ele se preocupava quando ela estava fora do Berghof. "Se houvesse alguma notícia de ataque aéreo a Munique, ficava impaciente como um leão na jaula, esperando um telefonema de Eva", relatou Junge.
A ALA FEMININA DO REICH
As outras mulheres do regime nazista
(...) Em 29 de abril de 1945, Hitler convocou Junge, para quem ditou seus testamentos pessoal e político. "Esse ato separou Hitler de sua tarefa de Führer e, assim, tornou possível para ele, psicologicamente, se separar de seu antigo 'eu'. Ele renunciou à fantasia de ser o salvador da Alemanha, sucumbindo à sua mortalidade", diz o professor Robert Gellately. Assim, Adolf finalmente reconheceu a lealdade da companheira de 14 anos. Uma cerimônia de casamento civil foi realizada em uma sala do bunker na véspera do suicídio de ambos, tendo como testemunhas Josef Goebbels e Martin Bormann, um destacado oficial nazista. A noiva usava um vestido azul-escuro de seda. Eva Braun tornou-se oficialmente Frau Hitler.
Artigo de Juliana Tiraboschi - para ler o artigo completo, clique aqui!
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